quinta-feira, 25 de novembro de 2010
PAPAI NOLE NO CABIDE
SONETO
Por ocasião dos festejos em homenagem ao sexagésimo primeiro aniversario
natalício do eloqüentíssimo tribuno sagrado, Joaquim Gomes d'Oliveira Paiva.
Há vultos tamanhos que não
Cabendo no globo, vão quedos
Mas solenes, refugiar-se na campa.
D'aí embuçam-se n'um manto infinito
De glórias?...
Minh'alma está agora penetrando
Lá na etérea plaga, cristalina!
Que música meu Deus febril, divina
Nos páramos azuis vai retumbando!
Além, d'áureo dossel se está rasgando
Custosa, de primor, esmeraldina
Diáfana, sutil, longa cortina
Enquanto céus se vão duplando!
Em grande pedestal marmorizado
De Paiva se divisa o busto enorme
Soberbo como o sol, de luz croado
De um lado o porvir -- Antheu disforme
Dos lábios faz soltar pujante brado
Hosanas! não morreu! apenas dorme.
Cruz e Souza
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
ESTRELA, ESTRELINHA
Cintilância
Pequena cintilância do universo,
Brilhando nessa escuridão sem fim,
És quase nada quando olhada assim,
No meio de um sistema tão disperso.
Pois acontece que és - também - o inverso,
Ou seja, o mundo inteiro para mim
E, junto ao coração que te diz sim,
Cada elemento se transforma em verso.
Mas, mesmo havendo tanto querer bem,
No peito desse alguém que te seduz,
Eu, sem a tua luz, não sou ninguém.
Estrela do meu céu, como um farol,
Guia-me pelo além e farei jus,
Tocando-te um amor maior que o Sol.
Bernardo Trancoso
Pequena cintilância do universo,
Brilhando nessa escuridão sem fim,
És quase nada quando olhada assim,
No meio de um sistema tão disperso.
Pois acontece que és - também - o inverso,
Ou seja, o mundo inteiro para mim
E, junto ao coração que te diz sim,
Cada elemento se transforma em verso.
Mas, mesmo havendo tanto querer bem,
No peito desse alguém que te seduz,
Eu, sem a tua luz, não sou ninguém.
Estrela do meu céu, como um farol,
Guia-me pelo além e farei jus,
Tocando-te um amor maior que o Sol.
Bernardo Trancoso
terça-feira, 16 de novembro de 2010
AMOR MAIS QUE PERFEITO
Soneto
Ao meu prezado irmão Alexandre Júnior, pelo término dos seus estudos neste ano,
em troféu de homenagem ao grande aproveitamento que deles soube tirar; a aplicação será sempre a "alma mater" da inteligência humana, e o caminho mais perfeito que nos pode levar à tortuosa via da Ciência.
Ergue, criança, a fronte condorina
Que é tua fronte, oh!, genial criança,
É como a estrela-d'alva da esperança,
Do talento sagrado que a ilumina!
Ergue-a, pois, e que, à auréola purpurina
Do Sol da Ciência, o rútilo tesouro
Do Estudo - o Grande Mestre - que te ensina,
Chova sobre ela suas gemas d'ouro!
E hoje que colhes um laurel bendito,
Aceita a saudação que num contrito
Fervor, eleva, qual penhor sincero
Um peito amigo a outro peito amigo,
A um gênio que desponta e que eu bendigo,
A um coração de irmão que tanto quero!
Augusto dos Anjos
PORTA TRECOS
Festa do Amanhecer
Todos os dias se apresentam como festa
Para alegrar os nossos corações e vida
Trazendo em raios dourados cheia cesta
De cantos dos pássaros nas avenidas!
O Amanhecer faz a festa com nossa Vida
Borboletas voejam plenas de amor
Beijando cada flor, em oração, agradecida
Buscando mostrar amor ao seu agressor!
O Amanhecer faz festa pela criança
Que acorda dizendo: bom dia, mamãe,
Mostrando de Deus, em nós, a confiança!
A festa do amanhecer nos trás lembrança
Da gratidão pela natureza Mãe
Doada por Deus que é nossa liderança.
Marlene Veira Aragão
Todos os dias se apresentam como festa
Para alegrar os nossos corações e vida
Trazendo em raios dourados cheia cesta
De cantos dos pássaros nas avenidas!
O Amanhecer faz a festa com nossa Vida
Borboletas voejam plenas de amor
Beijando cada flor, em oração, agradecida
Buscando mostrar amor ao seu agressor!
O Amanhecer faz festa pela criança
Que acorda dizendo: bom dia, mamãe,
Mostrando de Deus, em nós, a confiança!
A festa do amanhecer nos trás lembrança
Da gratidão pela natureza Mãe
Doada por Deus que é nossa liderança.
Marlene Veira Aragão
BOLA DE NATAL
O anjo de pernas tortas
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!
Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: – Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um o
Dentro da meta, um 1. É pura dança!
Vinicius de Moraes
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!
Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: – Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um o
Dentro da meta, um 1. É pura dança!
Vinicius de Moraes
PIU PIU
Continua o poeta em louvor a soledade vituperando a corte
Ditoso aquele, e bem-aventurado,
Que longe, e apartado das demandas,
Não vê nos tribunais as apelandas
Que à vida dão fastio, e dão enfado.
Ditoso, quem povoa o despovoado,
E dormindo o seu sono entre as holandas
Acorda ao doce som, e às vozes brandas
Do tenro passarinho enamorado.
Se estando eu lá na Corte tão seguro
Do néscio impertinente, que porfia,
A deixei por um mal, que era futuro;
Como estaria vendo na Bahia,
Que das Cortes do mundo é vil monturo,
O roubo, a injustiça, a tirania?
Gregório de Mattos
BARRADO DE BORBOLETA
Desponta a estrela d'alva, a noite morre.
Pulam no mato alígeros cantores,
E doce a brisa no arraial das flores
Lânguidas queixas murmurando corre.
Volúvel tribo a solidão percorre
Das borboletas de brilhantes cores;
Soluça o arroio; diz a rola amores
Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.
Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma
Às carícias da aurora, ao céu risonho,
Ao flóreo bafo que o sertão perfuma!
Porém minh'alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
- Oh! mundo encantador, tu és medonho!
Fagundes Varela
Pulam no mato alígeros cantores,
E doce a brisa no arraial das flores
Lânguidas queixas murmurando corre.
Volúvel tribo a solidão percorre
Das borboletas de brilhantes cores;
Soluça o arroio; diz a rola amores
Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.
Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma
Às carícias da aurora, ao céu risonho,
Ao flóreo bafo que o sertão perfuma!
Porém minh'alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
- Oh! mundo encantador, tu és medonho!
Fagundes Varela
BONECOS DE NEVE
O fogo que na branda cera ardia,
vendo o rosto gentil que eu n'alma vejo,
se acendeu de outro fogo do desejo,
por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dous ardores se encendia,
da grande impaciência fez despejo,
e remetendo com furor sobejo
vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama, que se atreve
[a] apagar seus ardores e tormentos
na vista de que o mundo tremer deve.
Namoram se, Senhora, os Elementos
de vós, e queima o fogo aquela neve
que queima corações e pensamentos.
Luis de Camões
PORTA COPOS
As Pombigna
P'ru aviadore chi pigó o tombo
Vai a primiéra pombigna dispertada,
I maise otra vai disposa da primiéra;
I otra maise, i maise otra, i assi dista maniera,
Vai s'imbora tutta pombarada.
Pássano fóra o dí i a tardi intêra,
Catáno as formiguigna ingoppa a strada;
Ma quano vê a notte indisgraziada,
Vorta tuttos in bandos, in filêra.
Assi tambê o Cicero avua,
Sobí nu spaço, molto alê da lua,
Fica piqueno uguali d'un sabiá.
Ma tuttos dia avua, allegre, os pombo!...
Inveis chi o Muque, desdi aquilio tombo,
Nunga maise quiz sabe di avuá.
Juó Bananére
P'ru aviadore chi pigó o tombo
Vai a primiéra pombigna dispertada,
I maise otra vai disposa da primiéra;
I otra maise, i maise otra, i assi dista maniera,
Vai s'imbora tutta pombarada.
Pássano fóra o dí i a tardi intêra,
Catáno as formiguigna ingoppa a strada;
Ma quano vê a notte indisgraziada,
Vorta tuttos in bandos, in filêra.
Assi tambê o Cicero avua,
Sobí nu spaço, molto alê da lua,
Fica piqueno uguali d'un sabiá.
Ma tuttos dia avua, allegre, os pombo!...
Inveis chi o Muque, desdi aquilio tombo,
Nunga maise quiz sabe di avuá.
Juó Bananére
BOLSINHA AZUL
OS VOTOS
Vai-se a primeira votação passada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De votos vão-se da Assembléia, apenas
A sessão começou da bordoada!
Sopra sobre Ele a rígida nortada...
Que saudades das épocas serenas
Em que Ele e os outros, aparando as penas,
Tinham apurações de cambulhada!
O seu bom-senso todos apregoam...
Afastando-se d'Ele, os votos voam,
Como voam as pombas dos pombais...
As esperanças o seu vôo soltam...
E Ele vê que aos pombais as pombas voltam,
Mas esses votos não lhe voltam mais!
Ângelo Bitu (pseudônimo coletivo de Bilac, Alberto de Oliveira e Pedro Tavares Júnior)
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
MARCADOR DE LIVRO
Fecho meus olhos,
me sinto um pássaro
na beira de um penhasco
Liberdade de voar
O vento bate no rosto
Apenas um pássaro
sentindo a leveza do corpo
Plainando
Um medo invade
a chuva molha,
misturando-se as lágrimas
que teimam em rolar
Apenas um pássaro
Sem pousa
Sonhando
Lutando com a saudade
mostrando que há
alguém em algum lugar
Patricia tieko
me sinto um pássaro
na beira de um penhasco
Liberdade de voar
O vento bate no rosto
Apenas um pássaro
sentindo a leveza do corpo
Plainando
Um medo invade
a chuva molha,
misturando-se as lágrimas
que teimam em rolar
Apenas um pássaro
Sem pousa
Sonhando
Lutando com a saudade
mostrando que há
alguém em algum lugar
Patricia tieko
MINI CORAÇÃO
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim
Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
por fim
Cartola
TOALHINHA DE NATAL
ALMOFADA DE CORAÇÃO
RELÓGIO
Folha, papel, um branco sem cor
esperando tinta que vem compor sentimento,
poemas e até varias cartas de amor.
Letras, palavras, frases que vem expressar,
o sentir, o querer, o sonhar, o amar.
Papel, tinta e o sentir
quantos poemas nasceram assim.
Poema é corpo e razão
que dão forma ao sentir do coração.
O poeta então, é mero servidor do papel
da tinta e do sentir
para com as letras, palavras e frases
poder formar
um novo poema que há de brilhar.
Gustavo Henrique L. Piovesan