Carinho
Nas mãos que, em divinal delicadeza,
Esfregas no meu corpo, sem censura,
Teu coração transfere-me a certeza
De que viver é mais que uma aventura.
Tal como a borboleta que, indefesa,
Faz de uma simples flor sua armadura,
Quando, ao meu peito, afronta uma tristeza,
Em teu carinho encontro a minha cura.
Nos gestos carregados de beleza
Trazes o amor que deu, em forma pura,
A cada criatura, a Natureza.
De modo que, ao morrer dessa loucura,
Meu último desejo é ser, princesa,
Velado por teu toque de ternura.
Bernardo Trancoso
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