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DELÍRIO DO SOM
O Boabdil mais doce que um carinho,
O teu piano ebúrneo soluçava,
E cada nota, amor, que ele vibrava,
Era-me n'alma um sol desfeito em vinho.
Me parecia a música do arminho,
O perfume do lírio que cantava,
A estrela-d'alva que nos céus entoava
Uma canção dulcíssima baixinho.
Incomparável, teu piano -- e eu cria
Ver-te no espaço, em fluidos de harmonia,
Bela, serena, vaporosa e nua;
Como as visões olímpicas do Reno,
Cantando ao ar um delicioso treno
Vago e dolente, com uns tons de lua.
Cruz e Souza
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